Os (meus) céus da pandemia II é uma continuidade do diário de mesmo título. Mudou a versão e a frequência, mas não a essência!
Salvar alguma coisa
Se deixo minha visão ir longe a partir da minha janela (e eu quase sempre deixo), meu olhar passa por cima de um bonito casario antigo e segue em frente, tropeçando no topo de algumas árvores, até parar em um
sobre a Carta que o Seu Guedes não vai taxar (nem ler)
O dia foi cheio de surpresa boa porque, quando a indignação é coletiva, o grito é mais alto e, portanto, maior a possibilidade do big bang: eu me refiro às mensagens lindas que recebi, logo ao acordar, com o relato
fotofobia crônica

fotofobia crônica – 12/08/2020 eu precisava despertar. havia marcado uma consulta com um oftalmo às 9h. o quarto está escuro, é assim que tem sido. o sol aqui é um intruso. nos últimos dias desenvolvi uma aversão à luz. a
para sempre, roldanas
Lembro do Mauri me dizendo que, misericórdia, eu estou virando uma múmia na quarentena, e a risada incontida faz doer ainda mais as escápulas, ambas inteiramente enfaixadas; entre mim e salonpas, uma relação de amor à menta. A dor não
Os (meus) céus na pandemia

Todos os dias caminho em torno de 1 hora no topo do prédio onde moro. O que segue são os registros desta experiência de confinamento onde o céu, o fluxo de consciência e a caminhada estão interconectados.
eu não desisto de procurar o que é belo
Cresci ouvindo histórias. A vó sentada na máquina de costura narrava o dia. Nunca esquecia de contar o número de pares de meias que tinha estendido no varal. Durante os passeios pelo jardim explicava o nome das plantas e arrancava
o guardanapo de crochê
O homem sentado no banco do parque é jovem, deve ser bonito, mas está encurvado e acinzentado pela pobreza. Conforme vou me aproximando percebo que ele está encurvado porque escreve algo. Tem nas mãos um lápis sujo e um papel
A dança dos ventos

(Videodanças realizadas em março de 2020.) As artistas de cena Isadora Porto, Ketelyn Scrittori e Renata Daibes formam o Coletivo de Arte Tônus, que tem por base o desenvolvimento de performances artísticas. O Tônus faz performances a partir das teorias
nada será como antes

Não paro de pensar que 2020 é um ano regido por Xangô, o orixá da justiça, com influência de Iansã, a rainha das tempestades e dos raios, e também de Oxóssi, o senhor da caça, da fartura, e como essa combinação explica o redemoinho em dia quente que estamos atravessando dentro da nossa cabeça.